Lido em: Janeiro/2016
Autor: Gillian Flynn
Editora: Intrínseca
Categoria:Suspense/Drama Psicológico/Romance
Páginas: 352 


Avaliação








Sinopse
Libby Day tinha apenas sete anos quando testemunhou o brutal assassinato da mãe e das duas irmãs na fazenda da família. O acusado do crime foi seu irmão mais velho, que acabou condenado à prisão perpétua.
Desde aquele dia, Libby passou a viver sem rumo. Uma vida paralisada no tempo, sem amigos, família ou trabalho. Mas, vinte e quatro anos depois, quando é procurada por um grupo de pessoas convencidas da inocência de seu irmão, Libby começa a se fazer as perguntas que até então nunca ousara formular. Será que a voz que ouviu naquela noite era mesmo a do irmão? Ben era considerado um desajustado na pequena cidade em que viviam, mas ele seria mesmo capaz de matar? Existiria algum segredo por trás daqueles assassinatos?


Resenha
Esse foi meu primeiro livro de 2016 e não poderia ter escolhido um melhor. Sabe aquela história que te arrepia da cabeças aos pés e você não consegue parar de ler um só segundo? Pois é, Gillian Flynn escreve essas histórias e cada livro que leio dela, fico convencida de que, se algum dia eu tiver a oportunidade de escrever um bom livro, que seja como ela. Eu havia lido ano passado Objetos Cortantes, a primeira obra da autora, e não me senti muito convencida de sua escrita. Mas agora depois de Lugares Escuros, a única coisa que consigo pensar é que jamais lerei o suficiente de Gillian Flynn para estar totalmente satisfeita.

Libby Day teve sua família brutalmente assassinada na gelada madrugada do dia 03 de janeiro de 1985. A irmã mais velha, Michelle, estrangulada; a irmã do meio, Debbie, partida em pedaços por um machado, e a cabeça da mãe, Patty, estourada com um tiro de espingarda. A cena do crime tem vestígios de um suposto sacrifício satânico (as paredes ganharam desenhos de pentagramas e palavras de devoção à Satanás, feitos com o sangue das vítimas). O grande suspeito e formalmente acusado é o irmão mais velho, Benjamin Day. Libby, que na época tinha sete anos, jura por sua vida que foi Ben quem matou a família. 

"Eu tenho uma maldade dentro de mim, tão real quanto um órgão. Corte minha barriga e talvez ela escorra para fora, viscosa e escura, e caia no chão para que você possa pisar nela. É o sangue dos Day. Há algo de errado com ele."

Porém, vinte e quatro anos depois do crime e da condenação de Bem à prisão perpétua, quando é alertada pelo seu tutor que a grana estava acabando, ela se vê sem saída, já que com o trauma que sofreu deixou ela uma mulher mais fechada, anti-social, fria e totalmente sem sal. 

Libby então conhece Lyle, um dos integrantes do "Kill Club", um grupo de discussão de assassinatos famosos e mistérios não resolvidos, que apresentam outras variáveis do assassinato da família Day, que deixa Libby confusa e transtornada. Ele oferece a Libby uma oportunidade de ganhar dinheiro e entender seu passado, pois o Kill Club acredita que Ben não é o verdadeiro culpado desta chacina. Então, por causa do dinheiro oferecido pelo clube e sua curiosidade aflorada, ela se vê encarando a possibilidade de que o crime pode ter tido outro responsável e outras motivações, tomando forças para entender o que realmente ocorreu naquela noite, e o que ela menos espera era que viveu duas décadas afogadas em mentiras.

"Manchas maníacas de um vermelho brilhante soam na noite. Aquele inevitável machado ritmado se movendo mecanicamente como se cortasse madeira. Disparos de espingarda em um pequeno corredor. Os gritos apavorados da minha mãe, ainda tentando salvar os filhos com metade da cabeça faltando."

O enredo é muito envolvente, pesado e nada romantizado, e a narrativa intercala vários pontos de vista dos personagens, o que permite o leitor mudar de ideia toda hora ao encarar uma versão diferente de cada um.

A autora escreve com seu jeito peculiar, cheios detalhes doentios, personagens muito bem desenvolvidos e complexos. Uma vez que seus olhos encontram as primeiras frases fica difícil de largar o livro. Você quer ler mais, mais, mais e só um pouco mais. De repente você está se perguntando quem diabos fez tudo aquilo e porque. 

Ao longo da leitura, me vi suspeitando de todo mundo, inclusive da própria Libby. Porém, depois de mais algumas páginas, comecei a entender e me aprofundar mais ainda na história até ficar confusa e desistir de tentar adivinhar o assassino antes da revelação. Mas um pouco antes final do livro, já tinha sacado mais uma das pontas da história (o que, aqui entre nós, me deixou me sentindo inteligente pra caramba por ter acertado pelo menos alguma coisa). Para um autor de suspense o leitor é o seu inimigo. O leitor precisa ter a atenção confundida, a visão desfocada. Ele precisa ser enganado, caso contrário não terá sido um bom livro. E este é com certeza um puta livro.

Prepare-se para muito sangue, drogas, sexo prematuro, palavreado chulo e personalidades perturbadas em cada página. Se você não se incomodar com nada disso, vá em frente e se jogue nessa história com um fôlego só.